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Afinal, o que é mindfulness? Tire suas dúvidas sobre esta prática!

A nossa mente pode ser boa em muitas coisas, mas com a quantidade de estímulos diários que a submetemos, estamos ficando especialistas em perder o foco. Com base nisso, trouxemos um tema importante que poderá ajudar você: o mindfulness.
O modo como fazemos nossas ações cotidianas de forma automática é a verdadeira razão para muitos dos problemas que nós mesmos causamos em nossa rotina. Porém, isso pode ser revertido e uma das técnicas é o mindfulness.
Para mostrar como, vamos abordar todas essas questões de modo que você entenda o porquê do mindfulness ser uma técnica boa para todos. Vale destacar que é ainda melhor para quem já percebeu que não está com a atenção na melhor forma.
Aproveite este post como uma oportunidade para ler com calma e sem distrações, exercitando o seu mindfulness!
Ficou curioso? Então, continue a leitura. Vamos lá?

O que é mindfulness e como funciona?

Monges budistas e cientistas falam muito nesse assunto e, por mais que pareça uma realidade distante, não é. Trata-se de um tema que traz uma grande contribuição para o estilo de vida moderno.
De acordo com uma pesquisadora da Universidade Estadual da Califórnia, da chamada “psicologia da tecnologia”, nossa capacidade de concentração está diminuindo com o uso constante de dispositivos tecnológicos. Talvez, em toda a história da humanidade, nunca estivemos tão distraídos como estamos agora. O motivo? Excesso de estímulos!
Estamos falando de esquecimentos frequentes que prejudicam tarefas, daquela sensação de não aproveitar bem o tempo, procrastinação, dentre outros padrões que podem e precisam ser trabalhados. Cada um sabe onde a sua falta de atenção aperta, mas existem comportamentos facilmente observáveis.
A troca constante entre tarefas é um exemplo de padrão de comportamento que já faz parte do nosso dia a dia, mas que traz prejuízos na qualidade dessas tarefas. Se ficamos o tempo todo interrompendo uma ação, não absorvemos direito as informações e precisamos de um tempo para retomarmos o que estávamos fazendo.
Diante disso, o mindfulness, que significa “atenção plena”, é um estado de abertura da consciência para o momento presente, em que se está focado no seu objeto de atenção, sem distrações e interrupções de pensamentos, sentimentos ou estímulos externos.
No entanto, não se trata de não sentir, não pensar ou até mesmo isolar-se para realizar uma tarefa. Trata-se de treinar a mente para adquirir maior capacidade de concentração em atividades, de forma que esses diferentes estímulos não atrapalhem.

De onde surgiu essa técnica?

O biomédico Kabat-Zinn, durante o seu doutorado em biologia molecular, conheceu o mindfulness através de uma palestra do missionário zen budista Philip Kapleau, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O budismo, por sua vez, como uma tradição religiosa antiga, já trabalha com a atenção plena e com a medição há mais de 2500 anos.
Nessa palestra, o pesquisador se interessou pelo tema e passou a estudá-lo profundamente, fundando a Clínica de Redução de Estresse na Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts.
No instituto, ele adaptou os ensinamentos zen budistas sobre mindfulness para uma linguagem científica e desenvolveu a sua própria metodologia terapêutica, chamada de Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR).
Essa metodologia tem o intuito de desenvolver essa habilidade de atenção plena que todos nós temos e perdemos ao longo do tempo, com o estilo de vida e o excesso de distrações.

Para que serve, de fato?

A estudiosa citada no começo do texto, do setor de “psicologia das tecnologias”, fez uma pesquisa com alguns alunos, pedindo que estudassem matérias importantes para assim analisar a sua concentração.
A partir dessa observação, percebeu-se que os estudantes só conseguiam manter sua atenção plena por três minutos. Aqueles que conseguiam se concentrar mais, tinham um desempenho melhor na escola, inclusive em outras disciplinas além daquela que estava estudando.
Essa e muitas outras pesquisas mostram que a concentração tem total relação com o desempenho, influenciando na performance de pessoas em diferentes contextos, como a escola, o ambiente profissional e até mesmo nas relações interpessoais.
Portanto, percebe-se que a busca por uma maior capacidade de foco e concentração é um investimento em diferentes melhorias na vida, uma vez que traz mais qualidade às tarefas diárias e importantes.
Além disso, há diversos outros benefícios de adotar o mindfulness na rotina diária. Alguns deles, inclusive, têm com comprovação científica. Confira abaixo.

Dimuição da ansiedade

Uma pesquisa americana feita pelo Hospital Geral de Massachusetts estudou 93 indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Em 8 semanas de aplicação diária de mindfulness, foi observada uma redução de mais de 60% nos sintomas na doença em mais da metade dos participantes do estudo.
Isso porque a prática da atenção plena nos ensina a responder ao estresse de maneira consciente ao que está acontecendo no momento presente, em vez de simplesmente agir instintivamente, sem saber quais emoções ou motivos podem estar desencadeando essa ansiedade. Ao ensinarmos a nossa mente a se manter no momento presente, passamos a ter uma resposta mais racional a situações difíceis.
Além da ansiedade, mindfulness também reduz os sintomas de depressão. Em 2017, O órgão inglês Instituto Nacional para Saúde e Excelência Clínica (NICE) recomendou essa técnica como uma maneira de prevenir a depressão em pessoas que tiveram 3 ou mais crises da doença no passado.

Aumento do sentimento de satisfatoriedade em relação ao próprio corpo.

Em tempos de exposição frenética de corpos esbeltos nas redes sociais, sentir-se satisfeito com as formas físicas é algo que tem ficado cada vez mais difícil. No entanto, alguns especialistas apontam que a prática de mindfulness pode ajudar nessa questão.
A insatisfação corporal é uma das principais fontes de sofrimento entre mulheres de todas as idades. Em um estudo realizado em Nova Iorque pelos pesquisadores Ellen R. Albertson, Kristin D. Neff e Karen E. Dill-Shackleford, metade das mulheres estudadas foram designadas para um grupo em que eram aplicadas técnicas de mindfulness e a outra metade apenas técnicas de autocontrole a autoconhecimento. Cada grupo recebeu três semanas de treinamento em suas respectivas áreas.
O resultado foi claro: as mulheres submetidas ao treinamento de mindfulness experimentaram uma redução significativa na insatisfação corporal, na timidez corporal e na autoestima relacionada à aparência, além de aumento na autocompaixão e na apreciação corporal. Curiosamente, esses efeitos foram mantidos mesmo por três meses depois.

Melhora no raciocínio e cognição

Em um estudo publicado pela revista americana Consciousness and Cognition Journal, foram designadas 24 pessoas para um grupo de sessões com práticas diárias de mindfulness por 4 dias (grupo 1), enquanto que outros 24 participantes foram designados para outro grupo cuja técnica principal não era a atenção plena (grupo 2).
Os resultados mostraram que tanto o grupo 1 como o 2 apresentaram melhora do humor, mas apenas 1 reduziu a fadiga e a ansiedade, além de melhorar o foco e atenção.
Além disso, o grupo 1 também apresentou melhora significativa na visão espacial, na memória de curto prazo e nas funções cognitivas. Os pesquisadores concluíram: “O resultado da nossa pesquisa sugere que um treinamento de apenas 4 dias em mindfulness pode aprimorar a capacidade de manter a atenção e o foco, benefícios esses que foram relatados anteriormente somente em pessoas que já praticam mindfulness e meditação profunda há, pelo menos, 5 anos.”

Aumento da produtividade devido à redução de distrações

Treinar a mente para se concentrar somente na tarefa que está sendo executada no momento presente vem se tornado uns dos maiores desafios da atualidade, já que nós estamos superexpostos a todo tipo de informação e curiosidades inúteis a todo o momento.
Em um estudo feito pela universidade Harvard, os pesquisadores concluíram que “as células cerebrais usam frequências para equilibrar o fluxo de informações a que são expostas (como se fossem as ondas emitidas por estações de rádio). Uma frequência chamada ”ritmo alfa” é responsável pelas células que processam os sentidos de tato, visão e audição no córtex, camada que recobre o cérebro. É essa frequência que auxilia no nosso regulamento de fluxo de informações e no bloqueio de sensações irrelevantes ou incômodas.”
Nesse estudo, alguns participantes foram recrutados para passarem por um programa de treinamento de mindfulness com duração de oito semanas. Aqueles que concluíram o treinamento tiveram uma melhora significativa na frequência de ritmo alfa, conseguindo se concentrar em uma tarefa e ter menos distrações durante sua execução.

Como aplicar o mindfulness no dia a dia?

Antes de falarmos sobre como aplicar o mindfulness na vida cotidiana, mostraremos como problemas de atenção, em diferentes graus, podem atrapalhar até mesmo atividades simples.

Problemas e malefícios que a falta de mindfulness pode trazer

A falta de mindfulness traz problemas na organização do dia, assim como no próprio aproveitamento. Veja se você se identifica com um ou mais dos itens a seguir:

  • fazer atividades correndo sem prestar atenção na qualidade;
  • comer rápido e em grande quantidade enquanto assiste à televisão ou acompanha as redes sociais;
  • quebrar coisas, se machucar, sofrer pequenos e grandes acidentes e esquecer coisas em lugares por não prestar atenção no que se faz;
  • só perceber sinais do próprio corpo quando está doente;
  • ficar imerso em pensamentos e sentimentos do passado ou planejamentos futuros sem se dar conta do momento atual;
  • deixar de aprender com as experiências simplesmente por não ter mais capacidade de avaliar um acontecimento com calma e sem julgamentos.

Em menor ou maior grau, todos estamos passando por experiências do tipo e perdendo nosso tempo com questões que nem sequer fazem parte do momento presente.

Exemplos de práticas de mindfulness na rotina diária

Técnicas como a meditação, a prática de Yoga e atividades que requerem a concentração, a médio e longo prazo podem reverter essa situação e recuperar a concentração plena no presente.
Alguns exemplos de atividades que podem começar esse processo de resgate do estado de atenção plena são:

  • workshops e oficinas que reconectam corpo e mente;
  • cursos de coaching e outros voltados para o desenvolvimento pessoal;
  • terapia para limpar memórias e emoções.
  • práticas de hipnose;
  • treinamentos personalizados com técnicas de imersão.

Além dessas, podemos citar:

  • observação da respiração: ao prestar atenção na respiração, você se liberta de seus pensamentos, preocupações e medos, e se lembra de quem você realmente é na essência;
  • concentração nos sentidos: o nosso tato, olfato, paladar, audição e visão são a nossa porta de entrada para o momento presente. Experimente parar tudo o que estiver fazendo para simplesmente apreciar o delicioso aroma de um café sendo preparado. Ou beleza e diversidade das flores do seu bairro. Você vai ver que tudo se tornará mais bonito e intenso;
  • pausa consciente entre as ações diárias: antes de atender ao telefone, pare e simplesmente ouça o toque; antes de começar algum trabalho, faça uma pausa e sinta o peso do seu corpo na cadeira; antes de entrar em casa, pare e sinta a maçaneta da porta tocar em suas mãos. Essas pequenas ações diárias podem limpar a sua mente e fornecer energia e vigor para a execução de qualquer tarefa;
  • atenção plena ao discurso do outro: quem de nós nunca fingiu prestar atenção ao que o outro estava falando? Isso porque, muitas vezes, estamos ocupados planejando o que vamos dizer a seguir, julgando o que a outra pessoa está dizendo ou nos perdendo em nossos próprios devaneios. Então, da próxima vez que estiver conversando com quem quer que seja, tente ouvir de verdade o que essa pessoa está falando, sem deixar que seus pensamentos o absorvam;
  • observação dos pensamentos e emoções: você não é o seu pensamento, você é o observador do seu pensamento. Esse é um dos conceitos de mindfulness. Conseguir ser mais consciente em relação aos seus pensamentos e observá-los sem julgamentos enquanto eles vêm e vão tornará você mais focado no momento presente e ajudará você a ser mais feliz no aqui e no agora.

A partir do momento que se treina a atenção nesses tipos de atividade, todas as outras tarefas que fazem parte da vida são beneficiadas. O importante é reconhecer que há uma forma de viver além do modo automático e ir atrás dela com persistência e foco.
No trabalho, nos estudos, nas tarefas de casa ou em um momento de lazer, como ler um livro, assistir a um filme, cozinhar ou ouvir música, a atenção plena é um estado que todos deveriam buscar para ter mais qualidade de vida e para experimentarem estados de verdadeira plenitude e felicidade. Agora que você sabe o que é mindfulness, observe o que mais precisa de atenção no seu dia a dia e saia do estado “zumbi”!
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